segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Poesia Celta



"Que haja sempre um trabalho para que suas mãos façam
Que sua bolsa sempre contenha uma moeda ou duas
Que o sol sempre brilhe pelo vidro da sua janela
Que a mão de um amigo esteja sempre perto de ti
Que os deuses encham teu coração com alegria para animar-te"."

"Que tenha uma parede para guardar-te do vento
Um teto para proteger da chuva
Bebida ao lado da lareira e o riso para animar-te
Que aqueles que ama sempre estejam próximos
Que alcance tudo o que seu coração desejar."

"Que o caminho seja brando sob os teus pés,
O vento sopre leve em teus ombros
Que o sol brilhe cálido sobre tua face,
As chuvas caiam serenas em teus campos
E até que eu de novo te veja,
Que os deuses te guardem nas palmas de suas mãos."

"Que estradas apareçam indicando o destino
Que o vento sempre impulsione seus passos
Que o sol brilhe sempre em suas aspirações
Que a chuva se precipite, gentilmente, sobre sua lavoura
E, até que nos encontremos novamente,
Possa você estar amparado pelas mãos dos deuses!"

"Que os deuses o protejam,
E, o abençoem
E que os problemas o ignorem,
Em cada passo do seu caminho."

"Que seus bolsos estejam plenos
Bem como seu coração, leve
Que a boa sorte o persiga sempre
Em cada manhã e a cada pôr-do-sol!"



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O mundo além das palavras - Jalal ud-Din Rumi

Descobri este poema por acaso neste belíssimo vídeo com Letícia Sabatella e Marcus Viana. O autor, Rumi, foi um sufi (corrente mística do islamismo) e viveu no século XIII, na Turquia e, com leveza e sabedoria nos diz: "para mudar a paisagem, basta mudar o que sentes".
Que estamos sentindo hoje, aqui e agora? Que paisagens nos compõem? Que outro mundo será esse? Exite? Qual é o mundo dos sonhos? Qual é o mundo dos devaneios, da imaginação, da poesia, das histórias, das palavras que entram e que saem, de Deus ... do paraíso, de todas essas paragens?
Fique a vontade para compartilhar comigo quais são as palavras que te habitam e se quiser, busque o livro: POEMAS MÍSTICOS - JALAH ud-Din Rumi - Editora Attar.




O mundo além das palavras 

Dentro deste mundo há outro mundo 
impermeável às palavras. 
Nele, nem a vida teme a morte, 
nem a primavera dá lugar ao outono. 
Histórias e lendas surgem dos tetos e paredes, 
até mesmo as rochas e árvores exalam poesia. 
Aqui, a coruja transforma-se em pavão, 
o lobo, em belo pastor. 
Para mudar a paisagem, 
basta mudar o que sentes; 
E se queres passear por esses lugares, 
basta expressar o desejo. 
Fixa o olhar no deserto de espinhos. 
– Já é agora um jardim florido! 
Vês aquele bloco de pedra no chão? 
– Já se move e dele surge a mina de rubis! 
Lava tuas mãos e teu rosto 
nas águas deste lugar, 
que aqui te preparam um fausto banquete. 
Aqui, todo o ser gera um anjo; 
e quando me veem subindo aos céus 
os cadáveres retornam à vida. 
Decerto vistes as árvores crescendo da terra, 
mas quem há de ter visto o nascimento do Paraíso? 
Viste também as águas dos mares e dos rios, 
mas quem há de ter visto nascer 
de uma única gota d’água 
uma centúria de guerreiros? 
Quem haveria de imaginar essa morada, 
esse céu, esse jardim do paraíso? 
Tu, que lês este poema, traduze-o. 
Diz a todos o que aprendeste 
sobre este lugar. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

E viva Yemanjá - Iemanjá - Yemonjá!!!


A Senhora dos Oceanos.

Trabalha em favor do amor, da família e a educação das crianças, além da maternidade.
Conta o mito da criação, que dos seios fartos de Iemanjá, brotaram os oceanos e com ele os orixás seus filhos: Exú, Ogum, Oxossi, Xangô e Oxum.
Yemonjá, grande orixá das águas, era filha de Olokun, o senhor dos oceanos.
Era possuidora de um grande instinto maternal, que fez dela mãe de dez filhos.
Embora casada, não tinha grande apego por seu marido. Às vezes, pensava em deixá-lo, mas ele era um homem muito importante e poderoso, e não permitiria tal desonra. Yemonjá também pensava no bem-estar de seus filhos, não podendo deixá-los desamparados.
Seu marido usava o poder com tirania, inclusive com sua família, tornando a vida dela insuportável. Ela não agüentava mais se submeter aos caprichos de um homem que ela desprezava.
Ela procurou seu pai para aconselhar-se sobre a atitude que deveria tomar. No fundo, ela já estava decidida a fugir, mas precisava de seu apoio. Olokun não a recriminou, pois ela era uma soberana e, como tal, não poderia aceitar o jugo de ninguém. Ele, então, deu à sua filha uma cabaça com encantamentos, para que ela usasse quando estivesse em perigo.
Yemonjá colocou seu plano em prática, fugindo com todos os seus filhos.
Quando ela já estava bem longe de sua aldeia, viu que estava sendo perseguida pelo exército de seu marido. Pensou em enfrentá-los, mas eles eram muitos e seria uma luta desleal. Yemonjá odeia os confrontos, pela destruição que causam, já que é um orixá propagador de vida.
Quando se sentiu acuada, resolveu abrir a cabaça e pedir socorro ao seu pai. Do seu interior escoou um líquido escuro, que, ao tocar o chão, imediatamente formou um rio, que corria em direção ao oceano.
Foi nessas águas que Yemonjá e seu povo encontraram um caminho para a liberdade.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

O rio corre para todos - conto da tradição judaica






Isaac era um próspero comerciante, dono de um bem sortido armazém na cidade de Kabul.
Um dia, viu com espanto e desagrado que outro armazém ia ser inaugurado no mesmo bairro.
Naquela noite, Isaac não dormiu, incomodado pelos mais sombrios pressentimentos a respeito do novo concorrente. Inseguro quanto ao futuro, na manhã seguinte foi procurar um rabino, a quem confessou seus temores.
- Você não tem com o que se preocupar. Eu vou lhe contar uma coisa: você já viu o cavalo que vai beber água no rio?
- Sim, por quê?
- Já reparou em como ele às vezes relincha e bate os cascos, escavando a terra à beira da água?
- Deve ser porque está louco para beber água.
- Não. É porque vê na água cristalina a sua imagem. Pensando tratar-se de um outro cavalo que vai beber sua água, tenta espantá-lo e, com isso, enlameia a água, antes límpida. Ele não sabe que o seu inimigo é ele mesmo e que, mesmo que houvesse outro cavalo, a água do rio seria suficiente para todos.
Se soubesse disso, estaria mais confiante e beberia uma água mais pura.

E completou:

- Assim, volte para casa sossegado, meu bom Isaac. Não permita que seu próprio medo estrague seus negócios. Lembre-se de que a prosperidade é como um rio inesgotável, que jorra para todos os que têm sede.


O homem que contava histórias 
Rosane Pamplona e Sônia Magalhães