domingo, 26 de junho de 2011

O Poder do Mito - Joseph Campbell

Compartilhando um pouco deste grande pensador que eternizou seus estudos em livros e séries de DVDs riquíssimos.

" A jornada do herói trata da superação das paixões selvagens e irracionais dentro de nós, é uma vida vivida em termos de autodescoberta."

As crianças são adoráveis porque estão caindo a todo instante e porque têm o corpo pequeno e a cabeça muito grante. Walt Disney sabia tudo a respeito quando concebeu os 7 anões... assim como nossos divertidos cachorrinhos são adoráveis por serem tão imperfeitos. A perfeição é algo tedioso e desumano. O umbilical, a humanidade, aquilo que se faz humano e não sobrenatural e imortal - isso é adorável. É por essa razão que algumas pessoas têm dificuldade em amar a Deus; nele não há imperfeição alguma. Você pode sentir reverência, mas isso não é amor. É o Cristo na cruz que desperta nosso amor através do sofrimento. Sofrimento é imperfeição. Assim como a história do sofrimento humano, a luta, a vida...a juventude chegando ao conhecimento de si mesma, e tendo que passar por isso.
Mitos são histórias de nossa busca da verdade, de sentido, de significação, através dos tempos. Todos nós precisamos compreender a morte e enfrentá-la, bem como, todos nós precisamos de ajuda em nossa passagem do nascimento à vida e depois à morte. Precisamos que a vida tenha significação, precisamos tocar o eterno, compreender o misterioso, descobrir o que somos. Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramento físico, tenham ressonância no interior de nosso ser e de nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos. É disso que se trata, afinal, e é o que essas pistas nos ajudam a procurar, dentro de nós mesmos.
O mito, é a experiência da vida. A mente se ocupa do sentido. Qual é o sentido de uma flor? Há uma história zen sobre um sermão do Buda, em que este simplesmente colheu uma flor. Houve apenas um homem que demonstrou, pelo olhar, ter compreendido o que o Buda pretendera mostrar. O próprio Buda é chamado "aquele que assim chegou". Não faz sentido. Qual é o sentido do universo? Qual é o sentido de uma pulga? Estamos tão empenhados em realizar determinados feitos, com o propósito de atingir objetivos de um outro valor, que nos esquecemos de que o valor genuíno, o prodígio de estar vivo, é o que de fato conta. Lendo os mitos, aprendemos que podemos voltar para dentro e captar a mensagem dos símbolos. O mito ajuda a colocar sua mente em contato com essa experiência de estar vivo. Ele diz o que a experiência é. Casamento por exemplo. O que é casamento? O mito dirá que é a reunião da díade separada. Originariamente, vocês eram um. Vocês agora são dois, no mundo , mas o casamento não é senão o reconhecimento da identidade espiritual. É diferente de um caso de amor, não tem nada a ver com isso. É outro plano mitológico de experiência. Quando pessoas se casam porque pensam que se trata de um caso amoroso duradouro, divorciam-se logo, porque todos os casos de amor terminam em decepção. Mas o matrimônio é o reconhecimento de uma identidade espiritual. Se levamos uma vida adequada, se nossa mente manifesta as qualidades certas em relação à pessoa do sexo oposto, encontramos nossa contraparte masculina ou feminina adequada. Mas se nos deixarmos distrair por certos interesses sensuais, iremos desposar a pessoa errada. Desposando a pessoa certa, reconstruímos a imagem do Deus encarnado, e isso é que é o casamento.
Nos mitos, os temas são atemporais, e a inflexão cabe à cultura.


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