As mãos, a boca, o ouvido, o livro e a narrativa
Coordenação: Giuliano Tierno de Siqueira
Resumo: Os presentes Seminários Práticos com a Participação do Pensamento ambicionam constituir um espaço de experimentação das mãos, da boca, do ouvido, do livro e da narrativa no trabalho do contador de histórias. Serão 3 (três) encontros com duração de 3 (três) horas cada em que referências teóricas e exercícios de narração oral serão solidários ao trabalho do narrador.
Quando será realizado?
Dias 30 e 31 de janeiro e 01 de fevereiro de 2013
Horário: das 18h30 às 21h30
Quanto custará? R$ 180,00 (50% no ato da inscrição)
Local: Casa da História
Rua Tonelero, 912 – Lapa
Fones: 38039113 / 38684598
Inscrições: De 15 a 29 de janeiro
Mandar e-mail para: meninasdoconto@uol.com.br
nformações: 3868-4598 / 3803-9113
Breve currículo: Giuliano Tierno
Doutorando em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP. Mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Unesp. Licenciatura plena em Educação Artística - Habilitação em Artes Cênicas pelo Instituto de Artes da Unesp. Curador Educativo do Centro Cultural São Paulo. Integra o Grupo de Estudos e Pesquisas em Experiências de Formação - Roda-Línguas, Unesp. Diretor dos espetáculos Abaixo das Canelas (2006) e Melhor não Incomodá-la (2008), produzidos e realizados pela MiniCia Teatro. Organizador do livro A Criança de 6 anos - Reflexões e Práticas (2008 e 2012), pela editora Meca. Co-autor do livro Contos do Quintal (2007), editora Globo. Autor de contos publicados nas revistas Crescer e Direcional Educador. Autor e organizador do livro A Arte de Contar Histórias, 2010, pela editora Ícone. Vencedor do Prêmio ProAC 7 - Difusão de Literatura no Estado de São Paulo pela Secretaria de Estado da Cultural de São Paulo em 2011. Professor e coordenador do curso de pós-graduação lato sensu A Arte de Contar Histórias - Abordagens filosófica, poético-literária e performática, pelo ISEPE
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O SEMINÁRIO PRÁTICO
Introdução
É intrínseca a relação das mãos com a produção de linguagem. Neste seminário ambiciona-se a criação de um fluxo de trabalho no campo da narrativa oral entre as mãos, a boca, o ouvido, o livro e a história.
As mãos pensadas a partir do ato, do fazer, do tecer, do produzir materialmente algo: afetar e afetar-se simultaneamente. As mãos a partir de tratados teóricos e poéticos como: As mãos negativas, proposta por Marguerite Duras em seu documentário de 1978; ou ainda, as mãos na tradição filosófica, pensada a partir do conceito de emancipação e da obra O mestre ignorante – cinco lições para a emancipação intelectual, do filósofo contemporâneo Jacques Rancière. A palavra emancipação significa literalmente, em língua portuguesa e em outras línguas derivadas do latim, “tirar a mão de cima”.
A boca como metáfora de um dizer expandido. A boca como o orifício que liga o interno e o externo, que em seu abrir e fechar articula a língua, que abre ou fecha dependendo do contexto “mancipatório” - em que as mãos de outrem estão sobre as cabeças dos sujeitos falantes - ou emancipatórios – em que os sujeitos ganham força para “tirar as mãos” do poder legislador dos sentidos – de suas cabeças.
O ouvido como símbolo da chegada de outras experiências e como mediador entre as frases e silêncios interiores e aquelas exteriores.
O livro é metáfora e objeto de trabalho. Metáfora ao pensarmos o lugar das autorias, objeto-símbolo neste seminário de suporte-guardador das experiências humanas. Das mais covardes e constrangedoras, que “mancipam” toda e qualquer narrativa, com moralidades e certezas irrefletidas às mais relevantes e próximas do dizer da boca-emancipada. Objeto ao articulá-lo à trama narrativa como um suporte imagético.
E por fim, a narrativa, matéria-princípio para o narrador de histórias. A narrativa que em nossa tradição ocidental é cravada pela marca da estrutura com começo, meio e fim, mas que em nossos tempos vêm ganhando outros acabamentos: outros. Nem melhores, nem piores. Apenas formas que precipitam os conteúdos de um tempo de perceber diverso ao tempo linear das narrativas clássicas.
Objetivo
O trabalho está estruturado de maneira pendular: teoria e prática. Pendular, pois são dois campos diferentes e paradoxalmente intrínsecos no processo de aprender, à medida que necessitam de disposições internas e externas distintas para que haja insurgências potentes, ao mesmo tempo em que encontram pontos de intersecção na prática matérica do fazer. Portanto, o objetivo precípuo deste trabalho é encontrar estes pontos de intersecção proposto acima a partir de uma prática, do fazer. Pontos estes que necessitam da experiência concreta para que seja possível a construção de caminhos para nomeá-los.
Ao encontrar tais pontos, a partir do experimento proposto, o objetivo passa a ser nomear as intersecções comuns às experiências dos participantes do seminário e procurar articular tais nomeações ao fluxo proposto entre as mãos, a boca, o ouvido, o livro e a narrativa na experiência do narrador.
Justificativa
Em minha experiência é comum me deparar com pelo menos dois tipos clássicos de posturas narrativas. A primeira postura é aquela explicitamente baseada em algum modelo narrativo, mas que o narrador não tem a mínima consciência de tal modelo ou de que está em pé sobre os ombros de modelos que o precedem. É esta distância deste corpo constituinte, que muitas vezes, alija aquele que narra da própria narrativa; das palavras tecidas no corpo do texto; das palavras tecidos no texto de seu corpo; de suas próprias mãos - muitas vezes exacerbando significações que nada contribuem para aquilo que está sendo narrado; de sua boca, pois muitas vezes ela não está aberta suficientemente para articular a língua singular daquele narrador; do livro, que foi escolhido de maneira apressada sem entrar em diálogo com as necessidades e urgências daquele narrador; e, por fim, da narrativa, princípio e chegada de todo narrador.
A segunda postura é a inversa, é aquela que às vistas do ponto que ocupo articulam as mãos, a boca, o livro e narrativa, mas que não necessariamente podem ser ensinadas numa palestra, numa aula, num seminário, numa fala. Senão, encontradas num fluxo de trabalho articulado e comprometido com o exercício narrativo.
É isto, portanto, que ambiciono trabalhar: explicitar a vista do ponto em que me ocupo e entender como o meu ponto de vista traça, junto com o ponto de vista dos participantes do seminário, uma linha no horizonte no campo de conhecimento da narrativa oral e como, a partir desta linha, poderemos encontrar a intersecção dos pontos entre teoria e prática com vistas a um alargamento da experiência do narrador de histórias.
Metodologia
A obra O Mestre Ignorante – cinco lições para a emancipação intelectual, do filósofo contemporâneo Jacques Rancière; o documentário produzido e criado por Marguerite Duras, Mãos negativas, em 1978; e a obra Leitura, recepção e performance, de Paul Zunthor, serão as referências metodológicas do trabalho que se segue:
Seminário Prático 1 – As mãos, a boca e o ouvido
Seminário Prático 2 – O livro e a narrativa
Seminário Prático 3 – As mãos, a boca, o ouvido e o livro no ato de narrar
Nenhum comentário:
Postar um comentário