quinta-feira, 23 de agosto de 2012

E com vocês, Marília Tresca - Agosto e Setembro

Caminhando,
"Eu aprendi o silêncio através do tagarela, tolerância
através do intolerante, e bondade através do cruel; e
ainda estranho, eu sou ingrato a esses professores."
Kahlil Gibran
Meu desejo é que nós aceitemos as diferenças como complemento da nossa caminhada à conquista do aperfeiçoamento como seres humanos. Que possamos ter tolerância aos outros assim como desejamos que os outros nos tolerem.
Com carinho,
Marilia Tresca
Curso Caminhando, Cantando e Contando Histórias
Tema– “Contos que resgatam valores”
Orientação: Marilia Tresca -professora de Artes e Contadora de Histórias
Carga horária: 4 horas / com certificado
Data: 26/08/2012 – Domingo
Horário: 9h às 13h
Novo Local: Núcleo CRE-SER – Rua do Grito, 122 -Ipiranga – São Paulo – SP (Próximo ao metrô Sacomã – linha verde)
Investimento: R$ 50,00
Depositados no Itaú - agência 6681 conta 02204-9 em nome de Marilia Tresca Silva Telles de Mello
Inscrições: por e-mail: mariliatresca@gmail.com(enviar ficha de inscrição preenchida)
Ou por telefone (11) 9801-4740
Total de vagas: 25
Não há necessidade de pré-requisitos
Curso totalmente prático
Observação : Após o curso, a partir das 15h haverá um sarau de contadores de histórias e feira de livros usados. Estão todos convidados.

FICHA DE INSCRIÇÃO - Curso dia 26/08/2012 (domingo) 9h às 13h

Nome -
Endereço –
Cidade -
Telefone -
e-mail -
Idade -
Atividade exercida -
Como tomou conhecimento do curso ?
Qual o objetivo em fazer o curso ?
Vai participar do sarau ?
........................................................................................
Sarau de Contadores de Histórias
Data: 26/08/2012– Domingo
Horário: 15h às 18h
Novo Local: Núcleo CRE-SER – Rua do Grito, 122 -Ipiranga – São Paulo – SP (Próximo ao metrô Sacomã – linha verde)
Ingresso: 1 prenda para o bingo de Natal que será em novembro 2012.
Traga um prato de doce, salgado ou fruta para o nosso lanche comunitário e uma história para contar (tema livre). Por favor, confirme sua participação preenchendo a ficha de inscrição abaixo.
Total de vagas: 40

FICHA DE INSCRIÇÃO – Sarau 26/08/2012 (domingo) 15h às 18h

Nome -
Endereço –
Cidade -
Telefone -
e-mail -
Idade -
Atividade exercida -
Vai contar histórias no sarau ?
Observação : As fotos do curso e do sarau de junho já estão no meu blog :www.marilia-tresca.blogspot.com
E em Setembro:
Dia 23 - domingo
Curso BrincaMundo com a professora Leide Vania Marques Felicio
Bem antes do vídeo-game, internet e jogos eletrônicos as crianças do mundo inteiro inventaram seus próprios jogos e brinquedos.
Venha conhecer alguns deles nesse divertido encontro criado para educadores, brinquedistas e todos aqueles que gostam de um bom jogo.
Recomendo:
Oficina: Contador de História, Segredos e Técnicas para Crianças, Jovens e Adultos
Orientação: Dora Bueno Estevez, Pedagoga , Contadora de Histórias e Palestrante.
Data: 10/11/2012 – sábado (Matrículas até 07/11/2012)
Horário:9h às 15h
Local: Instituto Educacional São Paulo - Rua Treze de Maio, 1663 - Bela Vista
Tels.: (11) 3253-7665 / (11) 3253-5048 / (11) 3253-6042
Conteúdo:
-Estimular e desenvolver potencialidades naturais para a arte de contar histórias.
-Caracterizar a importância do Contador de Histórias como elemento motivador na construção do hábito e prazer pela leitura.
-Escolha da história;
-Estudo;
-Formas de apresentação;
-Narração ;
-Dinâmicas a partir da história.
Saiba mais...
Cantando,
Tolerância
Como água no deserto
Procurei seu passo incerto
Pra me aproximar
A tempo

O seu código de guerra
E a certeza que te cerca
Me fazem ficar atento

Não me importa a sua crença
Eu quero a diferença
Que me faz te olhar
De frente

Pra falar de tolerância
E acabar com essa distância
Entre nós dois

Deixa eu te levar
Não há razão e nem motivo
Pra explicar

Que eu te completo
E que você vai me bastar

Tô bem certo de que você vai gostar
Você vai gostar

Como lava no oceano
Um esforço sobre-humano
Pra recomeçar
Do zero

Se pareço ainda estranho
Se não sou do seu rebanho
E ainda assim
Te quero

É que o amor é soberano
E supera todo engano
Sem jamais perder
O elo

E é por isso que te espero
E já sinto a mesma coisa em seu olhar

Deixa eu te levar
Não há razão e nem motivo
Pra explicar

Que eu te completo
E que você vai me bastar, eu sei

Tô bem certo de que você vai gostar
Você vai gostar
E contando histórias...
Resolução de Conflitos
O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera. Nosso vagão estava comparativamente vazio: apenas algumas donas de casa com seus filhos e uns velhos indo fazer compras. Eu olhava distraído pela janela a monotonia das casas sempre iguais e das sebes cobertas de poeira.
Chegando a uma estação, as portas se abriram e, de repente, a quietude da tarde foi rompida por um homem que entrou cambaleando no nosso vagão, gritando com violência imprecações incompreensíveis. Era um homem forte, encorpado, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo. Aos berros, esbofeteou uma mulher que carregava um bebezinho. A força do tapa fez com que ela fosse cair no colo de um casal idoso. Só por um milagre nada aconteceu ao bebê.
Aterrorizado, o casal deu um pulo e fugiu correndo para a outra extremidade do vagão. O operário tentou ainda dar um pontapé na velha, mas errou a mira e ela conseguiu escapar. Isso o deixou em tal estado de fúria que agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arrancá-la do balaústre. Pude ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava. O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo. Eu me levantei.
Na época, cerca de vinte anos atrás, eu era jovem e estava em excelente forma física. Vinha treinando oito horas de aikidô quase todos os dias há quase três anos. Gostava de lutar corpo a corpo e me considerava bom de briga. O problema é que minhas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Nós alunos de aikidô somos proibidos de lutar.
"Aikidô", meu mestre não cansava de repetir, "é a arte da reconciliação. Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o universo. Se tentarem dominar as pessoas, estarão derrotados de antemão. Nós estudamos como resolver conflitos, não como iniciá-los."
Eu ouvia essas palavras e me esforçava. Chegava a atravessar a rua para evitar os chimpira, os pungas dos videogames que costumam vadiar perto das estações de trem. Ficava exultado com minha própria tolerância e me considerava um valentão reverente, piedoso mesmo. No fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade absolutamente legítima em que pudesse salvar os inocentes destruindo os culpados.
Chegou o dia! pensei comigo mesmo enquanto me levantava. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.
Quando me viu levantando, o bêbado percebeu a chance de canalizar a sua ira.
- Ah! - rugiu ele. – Um estrangeiro! Você está precisando de uma lição em boas maneiras japonesas!
Eu estava de pé, segurando de leve nas alças presas ao teto do vagão, e lancei-lhe um olhar de nojo e desprezo. Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele me agredisse primeiro. Queria que ficasse com raiva, por isso curvei os lábios e mandei-lhe um beijo insolente.
- Agora chega! – gritou ele. – Você vai levar uma lição. – E se preparou para me atacar.
Mas uma fração de segundo antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um berro:
- Ei!
Foi um grito estridente, mas lembro-me que tinha um estranho timbre, jubiloso e cadenciado, como quando estamos procurando alguma coisa junto com um amigo e ele subitamente a encontra: "Ei!"
Virei para a esquerda, o bêbado para a direita. Nós dois olhamos para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos. Devia ter bem mais de setenta anos, esse minúsculo senhor, e vestia um quimono impecável. Não me deu a menor atenção, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importantíssimo e delicioso segredo para lhe contar.
- Vem aqui – disse o velhinho num tom coloquial e amistoso. – Vem aqui conversar comigo – insistiu, chamando-o com um aceno de mão.
O homenzarrão obedeceu, mas postou os pés beligerantemente diante dele e gritou por cima do barulho das rodas nos trilhos:
- Por que diabos vou conversar com você?
Ele agora estava de costas para mim. Se o seu cotovelo se movesse um milímetro que fosse eu o esmagaria. Mas o velhinho continuou sorrindo para o operário.
- O que você andou bebendo? – perguntou, os olhos brilhando de interesse.
- Saquê – rosnou de volta o operário – e não é da sua conta! – completou, lançando perdigotos no rosto do velho.
- Que ótimo – retrucou o velho. – Excelente mesmo. Eu também adoro saquê! Todas as noites, eu e minha esposa (ela está com 76 anos, você sabe) aquecemos uma garrafinha de saquê e vamos até o jardim nos sentar num velho banco de madeira. Ficamos olhando o pôr-do-sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro. Foi meu bisavô quem plantou essa árvore, e estávamos preocupados achando que ela não fosse se recuperar das tempestades de gelo do último inverno. Mas a nossa arvorezinha saiu-se melhor do que esperávamos, ainda mais se considerarmos a má qualidade do solo. É gratificante olhar para ela quando levamos uma garrafinha de saquê para apreciar o final da tarde, mesmo quando chove!
E olhava para o operário, seus olhos reluzentes. O rosto do operário, que se esforçava para acompanhar a conversa do velhinho, foi se abrandando e seus punhos pouco a pouco relaxando.
- É, é bom. Eu também gosto de caqui... – mas sua voz acabou num sumiço.
- São deliciosos – concordou o velho sorrindo. – E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.
- Não – retrucou o operário. – Minha esposa morreu.
Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.
- Eu não tenho esposa, eu não tenho casa, eu não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.
Lágrimas escorriam pelo seu rosto; um frêmito de desespero percorreu-lhe o corpo.
Chegara a minha vez. Lá estava eu, com toda a minha imaculada inocência juvenil, com toda a minha vontade de tornar o mundo um lugar melhor para se viver, sentindo-me de repente mais sujo do que ele.
O trem chegou à minha estação. Enquanto as portas se abriam, ouvi o velho dizer solidariamente:
- Minha nossa, que desgraça. Sente-se aqui comigo e me diga o que houve.
Voltei-me para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco, a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.
Enquanto o trem se afastava, sentei-me num banco da estação. O que eu pretendera resolver pela força fora alcançado com algumas palavras meigas. Eu acabara de presenciar o aikidô num combate de verdade, e a sua essência era o amor. A partir de agora teria que praticar a arte com um espírito totalmente diferente. Muito tempo passaria antes que eu voltasse a falar sobre a resolução de conflitos.
(Terry Dobson - Histórias da Alma, Histórias do Coração - Editora Pioneira)

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