Esse colosso vegetal pode
atingir trinta metros de altura e possui a capacidade de armazenar, em seu caule
gigante, até 120.000 litros de água. Por tal razão é denominada "árvore
garrafa". No Senegal, o baobá é sagrado, sendo utilizado como fonte de
inspiração para lendas, ritos e poesias. Segundo uma antiga lenda africana, se
um morto for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta
existir. E o baobá tem uma vida muito longa: vive entre um e seis mil anos.
Uma das principais
curiosidades a respeito dessa árvore tão especial é que seu tronco é oco. Muitas
lendas africanas procuram explicar esse fenômeno, mas esta que vou compartilhar
com vocês é a melhor de todas, no meu entendimento, porque propõe comparar a
árvore aos nossos sentimentos. Em sala de aula, vale dramatizar a história,
fazer vozes e sons diferentes e principalmente, curtir muito essa maravilhosa
lenda!
O coração do
baobá
No coração da África, havia uma extensa planície. E no centro dessa planície, erguia-se uma alta e frondosa árvore. Era o baobá.
Um dia, embaixo do sol escaldante do meio-dia africano, corria pela planície um coelhinho, que, exausto, suado, quando viu o baobá, correu a abrigar-se à sua sombra. E ali, protegido pela árvore, ele se sentiu tão bem, tão reconfortado, que olhando para cima não pôde deixar de dizer:
- Que sombra acolhedora e amiga você tem, baobá! Muito obrigado!
O baobá, que não costumava receber palavras de agradecimento, ficou tão reconhecido, que fez balançar os seus galhos e tremular suas folhinhas, como numa dança de alegria.
O coelho, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um pouquinho da situação e disse assim: - É, realmente sua sombra é muito boa.... Mas e esses seus frutos que eu estou vendo lá em cima? Não me parecem assim grande coisa...
O baobá, picado no seu amor próprio, caiu na armadilha. E soltou, lá de cima de seus galhos, um belo e redondo fruto, que rolou pelo capim, perto do coelhinho. Este, mais do que depressa, farejou o fruto e o devorou, pois ele era delicioso. Saciado, voltou para a sombra da árvore, agradecendo:
- Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor qualidade. Mas... e o seu coração, baobá? Será ele doce como seu fruto ou duro e seco como sua casca?
O baobá, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma emoção que há muito tempo não sentia. Mostrar o seu coração? Ah... Como ele queria... Mas era tão difícil... Por outro lado, o coelhinho havia se mostrado tão terno, tão amigo... E assim, hesitante, hesitando, o baobá foi lentamente abrindo o seu tronco. Foi abrindo, abrindo, até formar uma fenda, por onde o coelho pôde ver, extasiado, um tesouro de moedas, pedras e joias preciosas, um tesouro magnífico, que o baobá ofereceu a seu amigo. Maravilhado, o coelho pegou algumas joias e saiu agradecendo:
- Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou te esquecer!
E chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a coelha, a quem presenteou com as joias. A coelha, mais do que depressa, enfeitou-se toda com anéis, colares e braceletes e saiu para se exibir para suas amigas. A primeira que ela encontrou foi a hiena, que, assaltada pela inveja, quis logo saber onde ela havia conseguido joias tão faiscantes. A coelha lhe disse que nada sabia, mas que fosse falar com seu marido. A hiena não perdeu tempo: foi ter com o coelho, que lhe contou o que havia acontecido.
No dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela planície e repetia passo a passo tudo o que o coelho lhe havia contado. Foi deitar-se à sombra do baobá, elogiou-lhe a sombra, pediu-lhe um fruto, elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o coração.
O baobá, a quem o coelhinho na véspera havia tornado mais confiante e mais generoso, dessa vez nem hesitou. Foi abrindo o seu tronco, foi abrindo, bem devagarinho, saboreando cada minutinho de entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com suas garras no tronco do baobá, gritando:
- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero todo esse tesouro para mim, eu quero tudo, entendeu?
O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia. E por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada conseguiu.
A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro. Mal sabe ela que esse tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte.
Quanto ao baobá, nunca mais ele se abriu. A ferida que ele sofreu é invisível, mas dificilmente curável. O coração dos homens se parece com o do baobá. Por que ele se abre tão medrosamente quando ele se abre? Por que às vezes ele nem se abre? De que hiena será que ele se recorda?
FIM
Oi Drica, sou brasileira e moro na África. Estava a procurar imagens de Baobás quando li seu blog e sua história, linda por sinal. Mas aqui no Senegal li uma outra história engraçada a respeito dos Baobás. Era um livro infantil que li pros meus filhos. Diz a lenda que o Baobá era uma linda árvore mas que reclamava de tudo: do sol, do vento, da poeira, da beleza das outras árvores, etc. Era uma árvore reclamona que não dava valor ao que tinha. De tanto reclamar, os deuses ficaram furiosos e arrancaram o Baobá do chão e enterraram sua cabeça pra que ele nunca mais reclamasse. Só as raízes do Baobá ficaram de fora. Por isso é que ele tem esse formato! Achei o máximo Bjs
ResponderExcluirMuito legal esta história amigo. Estou estudando omc meu filho e vou contar esta versão.
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