Uma reflexão sobre os contos de fadas.
Ouvir um conto de fadas e observar como os arquétipos oferecem chaves para o inconsciente é um trabalho primoroso. Clarissa Pinkola Estés faz este trabalho com a luz de sua alma em minha opinião. Mas contos de fadas também são maneiras de incutir valores sociais, penso que a maioria deles foram inventados com este intuito. Por isso perduraram por tanto tempo..., sobreviveram às religiões porque atendem aos ideais de repressão à mulher e ao sexo, mantendo a configuração de mulheres recatadas à espera de um par.
As historias de princesas como Branca de Neve, Cinderela, Bela Adormecida e etc. incutem a ideia de que meninas devem ficar intactas, serem recatadas, atender aos padrões sociais e se assim fizerem comendo o pão que o diabo amassou ou a maçã envenenada, aturando humilhações da madrasta, um dia um príncipe encantado chegará e então serão felizes para sempre. Pode parecer dura demais minha opinião sobre histórias que povoaram nossas fantasias de menina por tanto tempo, mas é fato que ainda hoje muitas mulheres sofrem deste complexo de princesa, se culpam quando não encontram um bom marido, ou quando não se casam até os trinta, que esperam um feliz para sempre após o casamento, que se desiludem quando descobrem que sapo é sapo e nunca vira príncipe, que nenhuma historia contava como seria a vida a dois no castelo, que o príncipe não era amigo da princesa e sim algo mais parecido com um dono que a defende dos males do mundo, mas não necessariamente a compreende como mulher.
Ah! Quantas mulheres eu vejo trancafiadas num castelo tentando acreditar que são felizes porque moram num castelo com um príncipe que mal sabe quem elas realmente são.
Os príncipes destas histórias são livres em seus cavalos, e ao se deparar com uma mulher morta em um caixão de vidro se apaixonam e decidem leva-la consigo e até beijar-lhe a boca. Não seria óbvio que após o casamento ele a deixaria no castelo e voltaria a montar em seu cavalo mundo afora? Afinal, os príncipes precisam cuidar do reino, e as princesas precisam se libertar da madrasta.
Penso que é urgente fazermos novos contos, onde os meninos também se identifiquem com as historias, que descubram o personagem do guerreiro da luz em busca de si mesmo. Alguém já viu um menino querendo fazer a festa com o tema de príncipe?
Vamos fazer contos em que as meninas resgatem a sacerdotisa, que o casamento seja uma lenda, um encontro de almas, e não mais um ideal de encontrar um complemento externo. Algo mais parecido com o conto do Irmão Urso, que faça aflorar o potencial interno, a alma sábia, a independência emocional. Que faça acreditar no feliz para sempre após o encontro consigo mesmo.
Nossos contos devem refletir os ideais que acreditamos e a sociedade que almejamos, deve conter os personagens que desejamos ser, com valores éticos e pessoais, e os vilões devem ser de fato aquilo que desejamos transfigurar. Devem ser impregnados de amor, sem submissão, revelando que o verdadeiro encanto está na luz interior, e que a vida é a aventura da auto revelação. Que as fadas madrinhas estão no mundo dos sonhos e nos guiam o tempo todo. Que sacerdotisa é quem conhece a fada madrinha e por aí vai. Vamos? Parem de contar histórias patriarcais, vamos compor os contos da nova era? Vamos!
Andrea Schiavi
Autora de Contoterapia
www.contoterapia.com.br
Ouvir um conto de fadas e observar como os arquétipos oferecem chaves para o inconsciente é um trabalho primoroso. Clarissa Pinkola Estés faz este trabalho com a luz de sua alma em minha opinião. Mas contos de fadas também são maneiras de incutir valores sociais, penso que a maioria deles foram inventados com este intuito. Por isso perduraram por tanto tempo..., sobreviveram às religiões porque atendem aos ideais de repressão à mulher e ao sexo, mantendo a configuração de mulheres recatadas à espera de um par.
As historias de princesas como Branca de Neve, Cinderela, Bela Adormecida e etc. incutem a ideia de que meninas devem ficar intactas, serem recatadas, atender aos padrões sociais e se assim fizerem comendo o pão que o diabo amassou ou a maçã envenenada, aturando humilhações da madrasta, um dia um príncipe encantado chegará e então serão felizes para sempre. Pode parecer dura demais minha opinião sobre histórias que povoaram nossas fantasias de menina por tanto tempo, mas é fato que ainda hoje muitas mulheres sofrem deste complexo de princesa, se culpam quando não encontram um bom marido, ou quando não se casam até os trinta, que esperam um feliz para sempre após o casamento, que se desiludem quando descobrem que sapo é sapo e nunca vira príncipe, que nenhuma historia contava como seria a vida a dois no castelo, que o príncipe não era amigo da princesa e sim algo mais parecido com um dono que a defende dos males do mundo, mas não necessariamente a compreende como mulher.
Ah! Quantas mulheres eu vejo trancafiadas num castelo tentando acreditar que são felizes porque moram num castelo com um príncipe que mal sabe quem elas realmente são.
Os príncipes destas histórias são livres em seus cavalos, e ao se deparar com uma mulher morta em um caixão de vidro se apaixonam e decidem leva-la consigo e até beijar-lhe a boca. Não seria óbvio que após o casamento ele a deixaria no castelo e voltaria a montar em seu cavalo mundo afora? Afinal, os príncipes precisam cuidar do reino, e as princesas precisam se libertar da madrasta.
Penso que é urgente fazermos novos contos, onde os meninos também se identifiquem com as historias, que descubram o personagem do guerreiro da luz em busca de si mesmo. Alguém já viu um menino querendo fazer a festa com o tema de príncipe?
Vamos fazer contos em que as meninas resgatem a sacerdotisa, que o casamento seja uma lenda, um encontro de almas, e não mais um ideal de encontrar um complemento externo. Algo mais parecido com o conto do Irmão Urso, que faça aflorar o potencial interno, a alma sábia, a independência emocional. Que faça acreditar no feliz para sempre após o encontro consigo mesmo.
Nossos contos devem refletir os ideais que acreditamos e a sociedade que almejamos, deve conter os personagens que desejamos ser, com valores éticos e pessoais, e os vilões devem ser de fato aquilo que desejamos transfigurar. Devem ser impregnados de amor, sem submissão, revelando que o verdadeiro encanto está na luz interior, e que a vida é a aventura da auto revelação. Que as fadas madrinhas estão no mundo dos sonhos e nos guiam o tempo todo. Que sacerdotisa é quem conhece a fada madrinha e por aí vai. Vamos? Parem de contar histórias patriarcais, vamos compor os contos da nova era? Vamos!
Andrea Schiavi
Autora de Contoterapia
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