sábado, 7 de julho de 2012

E quem disse que história não cura???

Hoje fui contar histórias na AACD e ganhei um presentão (aliás, como sempre). No primeiro quarto que entrei, haviam três princesas que eu vou chamá-las M A R.
Cumprimentei a M que estava no primeiro leito, depois a A mas um choro com soluços initerrúptos me levou ao último leito, onde uma linda menina de pele morena e cabelos curtinhos e cheios de cachinhos estava com sua mãe que tentava acalmá-la.
Conversei um pouco com ela, que sentia muita queimação e dor nas perninhas que haviam sido operadas, segurei-lhe as mãos e juntas fizemos três respirações profundas, depois, perguntei se ela queria uma história e ela disse que sim. Contei Romeu e Julieta da Ruth Rocha e ela começou a se tranquilizar. Perguntei se ela queria mais e ela disse que sim, continuei com o repertório "Que história é essa?". Então uma enfermeira apareceu para ver como a M estava e sua mãe disse assim: "Agora ela está bem, se distraiu com as histórias. Eu rezei e pedi para um anjo chegar e levar a dor da minha filha e você chegou com as histórias e ela esqueceu a dor, você foi um verdadeiro anjo" .... tem coisas que realmente não tem preço, pra todas outras, uma boa história sempre cai bem!!!

Em outro quarto, encontrei a Fla sozinha. Sem acompanhante e sem nenhum outro paciente no quarto. Uma menina linda que veio de Goiás para operar os dois pés. Ela me pediu uma história de livro (não de boca), então contei a linda história abaixo:

Belinda, Bailarina - Amy Young


Era uma vez uma bailarina chamada Belinda.
Belinda adorava dançar. Ela ia ao balé todos os dias e ensaiava pra valer. Era leve e graciosa.
Mas Belinda tinha um problema.
Na verdade, eram DOIS os problemas: o seu pé esquerdo e o seu pé direito.
Belinda nunca achou que seus pés fossem um problema.
Até o teste de seleção do Festival Anual de Dança.
Os jurados pusseram os olhos nos pés de Belinda e gritaram:
"PODE PARA!"
"CRUZ CREDO!", assustou-se o Comendador Max Chato Macilento. "Seus pés parecem duas lanchas!"
"Que horror! São iguais a pés-de-pato!" , reforçou Alberto Queijo Azedo, um crítico muito famoso.
E Ana Tola Echata, que escrevia para todas as revistas especializadas em dança, apenas balançou a cabeça e reprovou os pés de Belinda com o olhar.
Belinda nem chegou a fazer o teste, os jurados não deixaram: "Vá para casa. Com esses pés você nunca será uma bailarina".
Belinda ficou triste. E se assim por muito tempo.
"Talvez os jurados tenham razão. Talvez meus pés sejam mesmo muito grandes para uma bailarina", refletiu.
E então Belinda desistiu de dançar.
"Adeus, balé", disse para si mesma.
Como tinha desistido de ser bailarina. Belinda precisava arranjar  alguma outra atividade. Só que a única coisa que ela sabia fazer era dançar!
Procurou, procurou... Até que acabou encontrando um emprego no restaurante Le Bacana, do Fred.
Os clientes gostavam de Belinda, porque ele era rápida e delicada.
Fred também gostava de Belinda, porque ela trabalhava pra valer.
Belinda também gostava do Fred e dos clientes, mas sentia falta do balé.
Um dia um grupo de músicos apareceu no Le Bacana.
O nome de banda era Los Bacanas. Antes do restaurante abrir, eles se prepararam tocando uma música bem animada.
Belinda começou a acompanhar o ritmo com os pés.
Então eles começaram a tocar uma melodia suave, mas alegre e contagiante, e quando se due conta...
Belinda estava dançando!
Os músicos tocavam todos os dias, e Belinda sempre dançavam ao som da música deles antes dos clientes chegarem.
Até que um dia Fred perguntou a Belinda se ela não gostaria de fazer uma apresentação no restaurante.
"É claro que sim!", disse Belinda sorrindo.
Os clientes ficaram encantados.
Eles gostaram tanto que contaram para os amigos, que foram ao Le Bacana no dia seguinte.
E os amigos deles gostaram tanto...
... que também contaram aos seus amigos. E assim o Le Bacana ficava lotado todos os dias por causa de Belinda.
Até o diretor do Corpo de Baile do Teatro Municipal ouviu falar dela.
E resolveu conferir, seguindo o conselho do amigo de um amigo que disse que ele precisava ver Belinda dançar.
Ele ficou impressionado.
Ele ficou comovido.
Ele ficou emocionado.
"Você tem que se apresntar no Teatro Municipal", implorou o diretor.
"Por favor, diga que aceita!"
Belinda sorriu e disse:
"Oh! Claro que sim!"
E os clientes aplaudiram.
E assim Belinda se apresentou no Teatro Municipal, ao som da música de Los Bacanas. Como era maravilhoso dançar!
"Magnífico!", deliraram os jurados.
"Descobrimos uma andorinha, uma pomba, uma gazela!"
Eles nem notaram o tamanho dos pés dela.
Estavam muito entretidos em vê-la dançar.
Belinda estava feliz, ela agora podia dançar...
dançar...
e dançar...
Quanto aos jurados, Belinda não deu a menor bola!

3 comentários:

  1. Eu tbm, justo o que estava procurando. Parabéns por amenizar a dor destas crianças.

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  2. Parabéns pelo seu lindo trabalho... que Deus abençoe você... estou emocionada com você.

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